O ENIGMA OLMECA

 Livro “AS DIGITAIS dos DEUSES”, uma resposta para o mistério das origens e do fim da civilização

Por Graham Hancock, livro “AS DIGITAIS DOS DEUSES”, Tradução de Ruy Jungmann, editora Record 2001.

CAPÍTULO 17 – O Enigma Olmeca

Dessa maneira, onde, senão na antiga San Lorenzo, a perícia tecnológica e a organização sofisticada dos olmecas haviam sido experimentadas, desenvolvidas e refinadas? Curiosamente, a despeito de todos os trabalhos dos arqueólogos, nem uma única indicação isolada de algo que pudesse ser descrito como a “fase de desenvolvimento” da sociedade olmeca foi desenterrada em qualquer parte do México (ou, por falar nisso, em qualquer parte do Novo Mundo). Esse povo, cuja forma característica de expressão artística consistia na criação de imensas cabeças negróides, parecia ter surgido do nada.

San Lorenzo

Chegamos a San Lorenzo em fins da tarde. Nesse local, nos primórdios da história da América Central, os olmecas haviam construído um cômoro artificial de mais de 35m de altura, como parte de uma estrutura imensa de cerca de 1.200m de extensão e 600m de largura. Escalamos o cômoro que domina o local, neste momento densamente coberto pela vegetação tropical e, do topo, estendemos a vista por quilômetros em volta. Grande número de cômoros menores eram também visíveis e, em volta deles, numerosas valas profundas, que o arqueólogo Michael Coe abriu quando escavou o sítio em 1966. A equipe de Coe realizou grande número de descobertas nesse local, incluindo mais de 20 reservatórios artificiais, ligados por uma rede altamente sofisticada de canaletas revestidas de basalto. Parte do sistema foi construída sob a forma de uma barragem, tendo sido redescoberto que água ainda escorria dali durante chuvas fortes, como havia acontecido cerca de 3.000 anos antes.

A principal linha de drenagem corria de leste para oeste. Ela recebia, ligadas por comportas de desenho avançado, as águas de três linhas subsidiárias. Depois de examinar exaustivamente o sítio, os arqueólogos admitiram que não podiam compreender a finalidade desse esmerado sistema de eclusas e obras hidráulicas. Tampouco encontraram solução para outro enigma: o enterro deliberado, de acordo com alinhamentos específicos, de cinco das maciças peças de escultura com feições negróides, agora geralmente conhecidas como “cabeças olmecas”. Nessas sepulturas peculiares e aparentemente ritualísticas foram encontrados também mais de 60 objetos e artefatos preciosos, incluindo belos instrumentos de jade e estatuetas primorosamente esculpidas. Algumas delas haviam sido sistematicamente mutiladas antes do enterro.

A maneira como as esculturas de San Lorenzo foram enterradas tornou extremamente difícil precisar-lhe a verdadeira idade, embora fragmentos de carvão vegetal tenham sido encontrados nos mesmos estratos que alguns objetos ali sepultados. Ao contrário das esculturas, essas peças de carvão podiam ser submetidas à datação pelo carbono. Feito isso, obtiveram-se resultados na faixa de 1200 a.C. Esse fato, no entanto, não significava que as esculturas tivessem sido feitas no ano 1200 a.C. Podiam ter sido. Mas podiam ter origem em um período centenas ou mesmo milhares de anos antes.

Não era absolutamente impossível que essas grandes obras de arte, com sua beleza intrínseca e poder numinoso indefinível, pudessem ter sido preservadas e veneradas por muitas e diferentes culturas, antes de serem enterradas em San Lorenzo. O carvão vegetal encontrado juntamente com elas provava apenas que as esculturas eram de pelo menos 1.200 anos a.C. Mas não estabelecia qualquer limite final à sua antiguidade.

La Venta

Deixamos San Lorenzo no momento em que o sol se punha. Dirigimo-nos para a cidade de Villahermosa, situada a mais de 150km a leste, na província de Tabasco. Para chegar ao nosso destino, retomamos a estrada principal que corre de Acayucán a Villahermosa e passamos ao largo do porto de Coatzecoalcos, na zona das refinarias de petróleo, de torres altaneiras e pontes pênseis ultramodernas. A mudança de ritmo entre a zona rural modorrenta, onde se localiza San Lorenzo, e a paisagem pontilhada de instalações industriais, como se fossem marcas de bexiga, em Coatzecoalcos, era quase chocante. Além do mais, a única razão por que os contornos desgastados pelo tempo do sítio olmeca podiam ainda ser vistos em San Lorenzo era que não havia sido ainda encontrado petróleo no local.

Mas fora encontrado em La Venta – para perda eterna da arqueologia… Nesse momento estávamos passando por La Venta. Diretamente ao norte, tomando uma estrada vicinal que se bifurca ao sair da via expressa, essa cidade do petróleo, iluminada por lâmpadas de vapor de sódio, brilhava no escuro como uma visão de catástrofe nuclear. Desde a década de 1940, o local fora extensamente “desenvolvido” pela indústria petrolífera: uma pista de pouso cortava o sítio onde antes existira uma pirâmide de forma incomum e chaminés lançavam relâmpagos contra o céu escuro, no mesmo lugar onde vigilantes celestes olmecas deviam ter outrora procurado localizar o aparecimento de planetas no firmamento.

Lamentavelmente, os buldôzeres dos exploradores do local haviam nivelado virtualmente tudo de interesse, antes que as escavações apropriadas pudessem ser realizadas, com o resultado de que muitas das antigas estruturas não foram absolutamente estudadas. Jamais saberemos o que poderiam ter informado sobre os indivíduos que as construíram e usaram. Matthew Stirling, que realizou escavações em Tres Zapotes, dirigiu o grosso do trabalho arqueológico feito em La Venta, antes que o progresso e o dinheiro do petróleo acabassem com o local. A datação com carbono sugeria que os olmecas haviam se estabelecido na região entre os anos 1500 e 1100 a.C. e que continuaram a ocupar o local – que consistia de uma ilha no meio dos pântanos a leste do rio Tonala – até mais ou menos o ano 400 a.C.

Nessa ocasião, as obras de construção foram subitamente abandonadas, procedendo-se à desfiguração cerimonial ou demolição das estruturas, com o enterro ritual de várias imensas cabeças de pedra e outras peças menores, em cerimônias peculiares, exatamente como acontecera em San Lorenzo. As sepulturas de La Venta foram primorosa e cuidadosamente preparadas, forradas com milhares de minúsculas telhas azuis e aterradas com camadas de argila multicolorida. Em um local, cerca de 4.500 m³ de terra foram escavados na abertura de um buraco enorme que, em seguida, teve o fundo revestido com blocos, depois do que toda terra foi recolocada no local. Foram encontrados também três pavimentos de mosaico, intencionalmente cobertos por várias camadas alternadas de argila e adobe.

A principal pirâmide de La Venta situa-se na extremidade sul do local. Aproximadamente circular no nível do chão, tem a forma de um cone pregueado, consistindo os lados arredondados em dez arestas verticais, com depressões entre elas. A pirâmide media 22m de altura, com um diâmetro de quase 65m e uma massa total que girava em torno de 8.500 m³ – um monumento impressionante sob qualquer ângulo. O restante do sítio prolongava-se por quase meio quilômetro ao longo de um eixo que apontava precisamente para 8° a oeste do norte.

Centralizadas nesse eixo, com todas as estruturas alinhadas impecavelmente, havia várias pirâmides e praças menores, plataformas e cômoros, cobrindo uma área total de mais de 5,5 km². La Venta passa a impressão de algo deslocado e estranho, a sensação de que sua função original não foi devidamente compreendida. Arqueólogos descrevem o sítio como um “centro cerimonial” e, com toda probabilidade, ele foi exatamente isso. Mas, se quisermos ser honestos, temos de reconhecer que poderia ter sido também várias outras coisas. A verdade é que nada se sabe sobre a organização social, as cerimônias e os sistemas de crenças dos olmecas.

Desconhecemos a linguagem que falavam ou as tradições que transmitiam aos filhos. Nem mesmo sabemos a que grupo étnico pertenciam. As condições de umidade excepcional do golfo do México impediram que fosse encontrado sequer um único esqueleto olmeca. Na verdade, a despeito dos nomes que lhes demos e das opiniões que sobre eles formamos, esses indivíduos, para nós, permanecem na escuridão. É mesmo possível que as enigmáticas “esculturas” que deixaram, que supomos os representassem, não tenham sido absolutamente trabalho “deles”, mas de um povo muito mais antigo e esquecido.

Não pela primeira vez, quando dei por mim, estava me perguntando se algumas das grandes cabeças e outros artefatos notáveis atribuídos aos olmecas não poderiam ter sido passados, como uma espécie de jóias da família, talvez ao longo de vários milênios, às culturas que finalmente começaram a construir os cômoros e as pirâmides de San Lorenzo e La Venta. Se assim, de quem estamos falando quando usamos o termo “olmeca”? Dos construtores dos cômoros? Ou dos homens poderosos e imponentes de feições negróides que forneceram os modelos para as cabeças monolíticas?

Pirâmide em La Venta

Por sorte, cerca de 50 peças da escultura “olmeca” monumental, incluindo três cabeças gigantescas, foram resgatadas em La Venta por Carlos Pelicer Camara, um poeta e historiador local que agiu decisivamente quando descobriu que as perfurações petrolíferas da PEMEX ameaçavam as ruínas. Pressionando fortemente os políticos de Tabasco (província que abrange La Venta), ele conseguiu que descobertas importantes fossem levadas para um parque nos arredores de Villahermosa, a capital regional. Tomadas em conjunto, essas descobertas constituem um registro cultural precioso e insubstituível – ou melhor, uma biblioteca inteira de registros culturais – deixados por uma civilização desaparecida.

Deus Ex Machina

Villahermosa, provinda de Tabasco

Nesse momento, eu olhava para um alto-relevo de fino acabamento, denominado “Homem com Serpente” pelos arqueólogos que o haviam encontrado em La Venta. De acordo com opinião abalizada, a peça mostrava “um olmeca usando um toucado e segurando uma sacola de incenso, e envolvido por uma serpente emplumada”. O alto-relevo havia sido talhado em uma laje de granito maciço, medindo cerca de 1,20m de largura por 1,50m de altura e mostrava um homem sentado, as pernas estiradas à frente, como se estivesse estendendo os pés à procura de pedais. Na mão direita, segurava um objeto pequeno, em forma de balde. O “toucado” que usava era uma peça estranha e complicada.

Em minha opinião, parecia mais funcional do que cerimonial, embora eu não pudesse imaginar qual poderia ter sido sua função. Sobre o toucado, ou talvez fosse um console ou painel acima da cabeça, eram visíveis duas cruzes em forma de X. Voltei a atenção para o outro elemento importante na escultura, a “serpente emplumada”. Em um nível, a peça mostrava, de fato, exatamente isso: uma serpente emplumada, ou de penas, o antiqüíssimo símbolo de Quetzalcoatl, que os olmecas, por conseguinte, deviam ter adorado (ou, pelo menos, reconhecido). Estudiosos do assunto não põem em dúvida essa interpretação.

De modo geral, aceita-se que o culto de Quetzalcoatl era imensamente antigo, tendo surgido na América Central em tempos pré-históricos e que daí em diante foi objeto de devoção de numerosas culturas durante o período histórico. A serpente emplumada, nessa escultura particular, porém, apresentava certas características que a colocavam em uma categoria à parte. Ela parecia ser algo mais do que um mero símbolo religioso. Na verdade, havia algo rígido e estruturado nela que fazia com que parecesse mais uma peça de maquinaria.

Sussurros de Antigos Segredos

Mais tarde naquele mesmo dia, abriguei-me sob a sombra gigantesca lançada por uma das cabeças olmecas que Carlos Pellicer Camara resgatara de La Venta. Era a cabeça de um velho, de nariz largo e chato e lábios grossos. Os lábios ligeiramente entreabertos mostravam dentes fortes, quadrados. A expressão do rosto sugeria sabedoria antiga, paciente, e os olhos pareciam fitar sem medo a eternidade, tal como os da Grande Esfinge de Gizé, no baixo Egito. Seria provavelmente impossível a um escultor, pensei, inventar todas as diferentes características combinadas de um autêntico tipo racial. A representação de uma combinação autêntica de características raciais, por conseguinte, implicava convincentemente que fora usado um modelo humano. Andei umas duas vezes em volta da grande cabeça. Ela mede 6,70m de circunferência, pesa 19,8t, tem uma altura de quase 2,50m, foi esculpida em basalto sólido e revela claramente uma “autêntica combinação de características raciais”.

Na verdade, exatamente como no caso de outras peças que eu tinha visto em Santiago Tuxtla e em Tres Zapotes, ela, inconfundível e inequivocamente, representa um negro. O leitor pode formar sua própria opinião, após examinar as fotos relevantes neste livro. Minha própria opinião é que as cabeças olmecas nos proporcionam uma imagem fisiologicamente exata de indivíduos reais, de raça negróide – africanos carismáticos e poderosos, segundo a explicação dos estudiosos do assunto, mas cuja presença na América Central ainda não explicaram. Tampouco há certeza de que as cabeças tenham sido esculpidas nessa época. A datação, pelo método do carbono, de fragmentos de carvão vegetal encontrados nos mesmos buracos revelam apenas a idade do carvão.

Calcular a verdadeira antiguidade das próprias cabeças é assunto muito mais complicado. Com esses pensamentos, continuei meu lento passeio entre os estranhos e maravilhosos monumentos de La Venta. Eles contavam em sussurros segredos antigos – o segredo do homem na máquina… o segredo das cabeças de negro… e, por último, mas de importância não menor, os segredos de uma lenda trazida à vida. Isso porque me pareceu que carne poderia ter recoberto os ossos míticos de Quetzalcoatl, quando descobri que várias esculturas de La Venta continham efígies realísticas não só de negros, mas de caucasianos altos, de feições finas, nariz longo, cabelos lisos e barba cerrada, usando mantos ondulantes…


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